terça-feira, 8 de junho de 2010

Outono, doce nostalgia

"500 days of Sumer" ... Sweet!

Ontem seria comemoração...Beijos, abraços, presentes, mimos, bobagens, amassos e tempo, muito tempo presos dentro de nossos olhos, com poucos olhos para o resto do mundo...o mesmo tempo, que corre depressa com acontecimentos, sentimentos e tudo mais que era eterno e pereceu...
Mas hoje é dia de relembrar os arrepios, de ouvir the smiths e cantar alto, mesmo que não esteja acontecendo agora. Senti, vivi e bebi pequenas doses do elixir pra perceber que ainda é possível, fechar os olhos e novamente me perder dentro de mim, me encontrando em outro alguém.
"And if a ten-ton truck
kills the both of us 
to dye by your side
Well, the pleasure and the privilege is mine
Take me out tonight
Oh take me anywhere
I don't care, I don't care, I don't care..."
É sempre um prazer lembrar, é sempre um prazer esquecer a cautela -cicatriz- porque quando se tem coragem, a sorte é uma questão de tempo, é tentativa e erro. Assim sigo com meu incorrígível romantismo, fruto dos contos que lia antes de dormir.
Pra balancear, o meu lado fogo diz que, pra sempre, é apenas a fração de segundo entre o que eu penso e o que digo, entre o que deixa de ser segredo pra ser do mundo.O mundo por sua vez adora pegar o que é dele e virar de cabeça pra baixo, ainda que tudo se mantenha preso ao chão. Mas já não ligo pro chão onde piso, o importante é minha cabeça que voa longe. Vago entre passados e futuros, com minha saia rodada e farfalhante. Deve ser porque adoro doce, que me leva a ouvir esquilos tocando percussão de coco, que me deixam dançar no meio da avenida, na noite vazia.
Só agradeço, o infinito que pude sentir, só espero, o infinito voltar a mim.
Planejamos passionalmente, viver juntos, um dia após o outro, sem nos importar com o sereno e a gripe, só para que pudéssemos dormir juntos, mesmo que ao relento.
Olhos em chamas, paixão e ódio, dramas dignos de novelas mexicanas, que sempre terminavam em lágrimas enxutas em nosso lençol revirado. As ventanias de nossas portas batidas, a solidão de nossa, sempre breve, distância. Logo depois, mais promessas de "nunca mais", como um disco arranhado...até que em certo momento o vinil se partiu. Como doeu, mais ainda, ver que a outra metade nem percebeu que não tinha conserto. Talvez por isso a mágoa, o ressentimento. Todavia hoje eu preciso dizer, depois de 6 meses, que tive um presente ontem. Tirei o laço e dentro haviam muitos bons momentos. O que senti e aprendi foi eterno, a liberdade do primeiro amor de verdade, a capacidade de tomar as rédeas e surpreender, me antecipando à iniciativa alheia e dividindo de coração aberto uma decisão que era minha.
Nunca esperei que a vida me fosse ensinar a simlesmente desapegar de minha alma, dividindo-a com alguém tão cedo, de corpo inteiro. Hoje decidi o que fazer com o que ainda tenho. A picotei em vários pedaços, de diferentes tamanhos e formatos, para que ela pudesse viajar, ventando pela terra, se perdendo para um dia se encontrar e ser trazida pra mim, em doses homeopáticas, pois toda aquela ansiedade cessou.
Não sinto mais necessidade de ver gente a todo momento. Só as vejo porque gosto e quero. Não preciso mais me manter em movimento pra bicicleta não cair, não tenho mais medo dos pés descalços no chão, pois me vejo no balanço das folhas que caem neste fim de outono e na mudança das nuvens e marés.
Ainda que intensa, percebi que não preciso tanto dos choques e tempestades.
É possível me manter serena, talvez eternamente.
Então, que como tudo que conheço, isso seja eterno enquanto dure.
Definindo desta forma o ontem, o hoje e quem sabe o amanhã.

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