sábado, 30 de janeiro de 2010

Sentidos, sentindo-se soltos

Relaxa, não to vendo mais nada mesmo...
Gira, mais rápido agora! Pra que eu possa aguçar os sentidos e finalmente perdê-los...
Fale mais, continue até que eu me perca sem saber onde tudo isso começou...
Trocando cores, pernas, nomes, marcas, pensamentos...
Tudo que importa não faz o menor sentido, já que uma receita médica seria mais clara e fácil de se ler.
Tudo que disse já não chega nem perto de como agi e minha ação não chega nem perto de meus desejos. Meus desejos ainda (sempre) longe da realidade. Huum isso é bom.
Só ouça as notas com distorções e vozes inacabadas, entregue-se ao som...Essas baquetas lentas e rítmicas, sem alma me entediam...Previsível, diria até conveniente!
Mas não importa, não me convencerá a olhar tudo por este ângulo.
Loucura é fugir de explosões. Elas me atraem, o risco me seduz, me embriaga, me fortalece...destrói.
Reconstrua a imagem fora de foco em que se transformou, pedaço por pedaço, as letras perdidas - eu suponho que - voltarão ao lugar onde pertencem, sem que seja necessário mover os dedos.
Sóbrio, sombrio ou comum, fuja! Já que está solto e forte, livre-se dos restos.
Não tema, simplesmente feche os olhos, gira mais uma vez e se deixe cair.
Relaxa, ninguém tá vendo nada mesmo...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Delírio?!

Mostre-me o paraíso, bonito e deserto.
Cante como os anjos que ainda estão desaparecidos.
Sonhe como um imortal e viva como se seus dias tivessem contados.
Postergar abrir o dia de hoje pode manter sua casa de brinquedo de pé.
Talvez dê certo, pois lá fora crateras se abrem sob os pés. Cidades inundam, outras caem.
Escravos ainda seguem o velho fluxo "natural"(?) onde se é, o que/onde nasce.
O pop alimenta a miséria. A miséria preenche o oco pop.
...e o paraíso permanece vazio ou desconhecido.
A beleza tem um novo conceito. Não são mais águas claras de um balneário, aos olhos de quem ousou virar 180°.
São destroços, poeira, sangue e suor na pele de quem mudou o curso.
É a sopa em troca do aperto sujo e desconfiado. Às vezes grato.
É em meio à seca, brotar água salgada pra lavar rostos desamparados.
É o coração se abrindo à braços desconhecidos e frágeis.
É cada gesto que se antecipa às palavras de conforto dissimulado.
Bela como uma dança ou um jogo. Alguém perde, algo sobressai.
É nessa onda envolvente que o início fica esquecido.
Maldita sede de novidade que faz com que fatos e dores de ontem se tornem obsoletas.
Bonito seria se fosse assim. Gostaria...mas pensando bem...
Não me mostre o paraíso, não suporto oásis em desertos. Normalmente são apenas miragens e delírios.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Em picos e tempestades...

O céu está negro, carregado...mas a água represada reluta pra não cair.
Ouço urros, gritos, tanta raiva, como o roncar da fome que nos assola.Nada sacia, só enjoa, empanzina.
Toda carga reprimida prestes a explodir e queimar tudo impuro que ainda resta e insiste em sabotar todos os meus dias de sol.
O céu pode tanto significar utopia quanto opressão...
Cada dia mais distante do passado, onde brilhava um futuro promissor em meus olhos flutuantes e inquietos.
Mas não ouso gritar, prefiro a música exorcizando toda essa confusão interna.
Quando voltar a falar sairá rouco como um sussurro - é o que acontece em minhas horas perdida em mim - e provavelmente nada será entendido nem explicado.
Porque quando se está nas alturas é tão difícil respirar, você sente cada veia e artéria latejar, o sangue quente pulsa e a nuvem fria e molhada entorpece meus sentidos.
O corpo resiste ao meio mas a mente leva mais alto e longe de tudo.
Definitivamente, opressão e liberdade.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Laisser aller

Como um cão atrás do rabo.
Quando a distração me pega desprevenida é que percebo a volta.
Nada saiu do lugar desde a última vez que estive aqui.
Tanto esforço para não voltar, mas o campo gravitacional ludibria meus sentidos de autopreservação, brinca com todo bom-senso e debocha do livre arbítrio neste eterno retorno.
Pode rir, pândega ironia dos meus atos, que insistem, todavia nunca alcançam as palavras antes proferidas.
É verdade, não dá pra correr nem se esconder disso.

Plus ça change, plus c'est la même chose.

Ouvindo agora...

A Perfect Circle - Passive

"Dead as dead can be,"
my doctor tells me,
But I just can't believe him,
Ever the optimistic one,
I'm sure of your ability to become
my perfect enemy

wake up and face me,
Don't play dead cause maybe someday I will walk away, and say
"You disappoint me, Maybe you're better off this way"

Leaning over you here cold and catatonic,
I catch a brief reflection of what you could and might havebeen,
It's your right and your ability to become my perfect enemy

wake up and face me,
Don't play dead cause maybe someday some day i walk away and say
"You disappoint me, Maybe you're better off this way"

Maybe you better of this way (4x)
You better of this (2x)

wake up and face me,
Don't play dead cause maybe someday some day i walk away and say
"You fucking disappoint me, Maybe you're better off this way"

But maybe you're better off this way
Go ahead and play dead, I know that you can hear this,
Go ahead and play dead, Why can't you turn and face me? (4x)
You fucking disappoint me,Passive aggressive bullshit

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Divagando sobre agora

Qual é o ponto, a medida?
Não existe receita que resolva essa dúvida...
Existe vontade de impulsividade, intuição e sede, muita sede.
Sem exageros - nesse momento - o melhor remédio é não absorver tudo que ouve ou vê, mas sentir a energia, intenção e vibração de cada gesto.
Traduza como quiser, seja da linguagem corporal, cor da aura, palavras usadas...(Faça análise ou pare de reclamar!)
Veja o que vale a pena.Não corra de encontro à tudo que reluz antes de analisar se este ouro queima ou mancha.
Se deixe levar por todos os sentidos ao mesmo tempo, se movimente, seja natural, sensível, intuitivo e racional.Conheça os sons e movimentos do seu corpo para se compreender.
Nem sempre é importante já saber o que quer, mas é imprescindível saber o que não quer mais.
Liberte-se das amarras -medo- e aprenda a correr, pular mais alto, mais do alto, no infinito escuro (pularei novamente).
As luzes te seguirão e você estará mergulhado na própria essência.
Esqueça isso tudo e volte do início, no 1º dia.
Deixe estar, deixe ficar, deixe levar, deixe ir e fique esperto...ou deixe todo o resto.
Não (me/se) incomode com sua agitação estupefaciente.Isso também passa.
Mate sua sede.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Lembranças de outras vidas

Ela cantava: "Jesus é glorioso, Jesus é glorioso..." com uma voz trêmula, meio débil.
Com suas vestes sujas e rasgadas, seus olhos, um triste outro cego.
Às vezes esbravejava, xingava, gesticulava com o vento - ou não - resmungando.Talvez fosse com o glorioso.
Suas sacolas de feira pareciam carregar todo peso de uma vida dura, onde a única coisa que ela possuiu foi a ausência de todo o resto.Como se a ausência total de qualquer coisa, a fizesse se transformar naquilo tudo.
Tudo que ela sabia era que Ele é glorioso.Era só o que precisava saber, sem querer entender.
Ela não ligava pro resto ao seu redor, ela simplesmente ignorava a existência de todo mundo ali, talvez porque tenha sido a vida inteira negligenciada por todo mundo.
A única coisa que importava, que ela via, era o glorioso com quem ela discutia, argumentava, com uma intimidade, como numa relação entre filha e pai.
Se despediu como quem sabe que volta semana que vem e pegou o ônibus, como quem sabe onde ir mesmo sem saber onde vai parar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010


Filosofia da arte
Theoria é a palavra grega para visão.
Praxis quer dizer ação.
Sophia é o substantivo grego para sapiência ou sabedoria.
Arte deriva do verbo latino ágere, agir.
Filosofia é a visão (theoria) universal.
Arte é ação (praxis) individual.
Sendo que o infinito universal existe em todos os finitos individuais, deve o verdadeiro artista realizar em si e em sua obra esses dois requisitos fundamentais:
-visualizar a essência abstrata em todas as existências concretas.
-exprimir, em alguma forma individual a realidade universal.
A primeira tarefa (theoria) é do gênio - a segunda (praxis) é do talento.
O gênio é a visão, ou concepção - o talento é a execução, ou parturição.
O gênio conceptivo manifesta a sua inspiração através do talento executivo.O UNO da visão genial se revela no (di)VERSO da ação talentosa.
O artista é por excelência, o homem univérsico.Uno em diversidade - diverso em unidade.

UNI-VERSO

Huberto Rohden


Em anos nunca li nenhuma outra definição melhor!
É essa visão diferenciada, a verdadeira riqueza do mundo.
É necessário se desfazer de todos os bloqueios, vícios e preconceitos para produzir algo de valor inestimável.
A nossa capacidade de enxergar de forma especial coisas cotidianas e expressá-las de forma única e pessoal, é a única coisa que restará depois que toda nossa geração se for.
Não é preciso temer o fim do mundo ou o fim de si.A única coisa que temo é ver mentes livres atrofiando por falta de uso.É ver que estamos a maior parte do tempo cegos pela falta de tempo (ou pelo tempo que gastamos informações improfícuas).
A mudança no olhar é um exercício diário onde você começa a olhar mais pra dentro para vislumbrar uma reação diferente no momento que olhar pra fora.
Essa reação é a arte abstrata, opinião, sensação "theoria".
Transformar isso em "praxis" é um aprendizado para evolução pessoal.
Ao transcender a própria consciência você está livre para exprimir algo que o mundo nunca viu, é só seu e aí você deixa a marca de sua passagem, sua vida.
Seja qual for a tendência - visual, musical, lógica, literária, física (ou tudo isso junto) - o importante é se desafiar todos os dias, enxergar além da rotina, ser menos um alienado no mundo.
Eu tentarei continuar brigando, sempre que perceber lentes de vidro se formando sobre meu olhar, tentando me tomar, domar ou me "educar" a pensar e ver como qualquer um ou só mais um.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O que tem depois da toca?


Jogando cartas, lendo, dormindo...

Segue coelhos, toma chá, cresce e encolhe, chora, quase perde a cabeça!

Acorda!

Quem aqui estava dormindo?

Essa vertigem vem da alternância de fantasia e realidade.

O país das maravilhas existiu?Prefiro acreditar que sim.

Das fábulas vem os sonhos ou os sonhos que invadem as fábulas?!

Pra onde seguir depois da toca?

É possível ser a mesma depois de tudo?

Como se livrar do vício de seguir cachorros, gatos e até ratos (!!) na tentativa de esquecer que o coelho é inalcançável, ele não existe.

O chá nunca mais será o mesmo e as flores não serão pintadas.Serão arrancadas com seus galhos e ramos para agradar mais um ninguém.

As cartas não lhe dirão mais nada pois elas não mentem!

Os chapeleiros...esses continuarão existindo, mesmo que você durma e acorde...isso ainda se confunde!

Sequelas de outro mundo, você não entenderá, nem eu.

Agora preciso ir!Estou muito atrasada.Muito atrasada!!!