segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Just in love



Eu andava me fazendo muitas interrogações?
Leonina em dobro, quando não recebia respostas saía por aí cheia de exclamações!
Mas depois de toda tempestade, vem a calmaria com suas reticências...
Como toda fonte que um dia se esgota, as ruas secaram e eu pude perceber o que estava muito difícil de ver.
Talvez o copo ainda estivesse meio cheio e com um sorriso de canto de boca entendi tudo.
O veneno na dose certa poderia ser a cura.
Finalmente pude sentir os raios de sol tocando meu rosto e ofuscando as nuvens que aos poucos iam dissolvendo.
Eu percebi que foi a primeira vista. O céu estava diferente.
Ele era puro e lindo, romântico, colorido, profundo e vivo.
E o céu nada mais tinha a me oferecer. Eu não poderia guardá-lo, não poderia tocá-lo.
Não podia nem morar nele, como desejava... Mas nada disso mudava o fato de que era especificamente aquele céu, que nasceu daquela forma, naquele dia, que me cativou.
Eu estava apaixonada pelo céu e nada mais poderia fazer, a não ser aproveitá-lo até o anoitecer e vê-lo partir.
Me deitei de frente pra ele e resolvi curtir até a última cor se apagar, admirando ele e o que ele me despertava.
Me deleitaria até o último raio e saborearia a sensação de uma paixão que nada poderia me dar, mas que eu ainda queria, só por ter me feito flutuar.
Sem medo, sem hesitar, sem exigir, sem reclamar, sem fingir ou cobrar. É a verdade e ponto.
Percebi que gostava tanto, que me bastava o fato de eu tê-lo visto, dele existir.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Guerra à guerra (sã)

Ontem, me gabava com ela
Como eu era dona de mim
E o quanto é curioso o destino
Pois a louca desvairada
finalmente havia sumido.

Mas o cá-te-espero é sacana
e seus absurdos só cochilam
porém nunca vão pra cama.

Ando por aí no random, mas sempre parece repete
A caneta falha, perco a velocidade do pensamento.
Quando finalmente a encontro
Esqueço sobre o que divagava, perco o momento.

Adianta o troco senhora!
Porque desta vez meu card de nada vale
No escuro e baixo perambulante
Só vai dar pra escrever mais tarde.

Sem me lamentar por pouca miséria
Ciente de que no abafado não dá pra pensar
Espero pela próxima ida ao Ártico
Aí sim eu começo a reclamar...

Banco traseiro, janela alta e exatamente duas horas
Pouco tempo picotado pra resolver
o que farei com a outra que habita em meu ser.

PUTA, FALTA DE SACANAGEM!
por isso a deixo presa e enjaulada
Gritando, me ensurdecendo...
Ensandecida, larga de ser encrenqueira!
Deixe minha paz, desista de meu joelho
Não tenho espaço pra negociar
Não me engano, SEI qual é seu único intento
Só pra medir forças chega pra bagunçar...

Então ata meus olhos e venda meus pulsos
...ou inverta, revertendo tudo.
Porque o bar abre os braços de terça à domingo
Já não ligo pra louca que se denuncia
Perdeu as rédeas, fechei a conta da terapia
E há muito que não há descanso no sétimo dia...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Escarlate

Resolveu se livrar do cadáver no armário. Já fazia tempo que insistia guardá-lo. Estava tão bem escondido que nem o notou. Mas o corpo que ali jazia, já começava a cheirar. Já não podia mais disfarçar, os vizinhos já estavam a notar sua mórbida devoção ao fúnebre, que era alimentada diariamente pelas constantes visitas póstumas que o defunto fazia, ao desaparecer pelas madrugadas. Ludibriando com palavras tão sem sentido quanto ocas, recriando algo que já não existia mais...Algo sobrenatural ainda a rondava, obsediava. Mãos gélidas, as costas arrepiavam. Abraços de sufoco, a morte respirava em seu pescoço. Onipresente da forma mais etérea, ocupava mais espaço que o ar em seus pulmões. Apartamento vazio, janela aberta ondulando as cortinas de linho. Seis garrafas do mais fino vinho. Um fantasma, dois silêncios, três delírios. Mais 30 comprimidos e outro suspiro...Um corpo sem vida, sem calor, que mesmo morto, só fazia doer. Agonizando em busca da misericórdia, deu-se a decisão que lhe pouparia desgostos. Alçou vôo de encontro aquelas luzes que brilhavam vermelhas, pelas coberturas inferiores...





























Sentiu gosto do vento frio no rosto. Sentiu o vácuo penetrando seu ser, subindo sua barriga, implodindo no peito relaxando seus os músculos...e riu de forma salaz...das consequências que não poderiam mais lhe pesar! Pela primeira e última vez, finalmente pôde mergulhar e repousar, com sua leveza peculiar e ambígua, sobre lençol quente e úmido, de sua cor preferida.


sábado, 7 de agosto de 2010

Grande espetáculo






Mais uma compania itinerante chegou à cidade!
Uma antiga arte esquecida
Uma prática politicamente incorreta
Tentando se equilibrar na corda bamba
Difícil anunciar, quem vai ter coragem de falar?
A voz sai por um fio, como um pio
Burburinhos de festa, grandes expectativas
Apenas umas palavras mal|ditas
no segundo errado, num tom mais forte
O suficiente para todo fogo sucumbir
Pro malabarista deixar tudo cair
Abalando a inacreditável frieza do contorcionista
Esfriando o vicioso o calor do palhaço
Assim o ilusionista insiste em ser mágico
Dividir ela em duas é próximo passo
Mal sabe ele que aprender a levitar
não é apenas um truque de escola
Mas guardem o segredo Mister M
Pois coelho fugiu da cartola
E correu atrasado para a toca
O bizarro que vira excentricidade
Serão loucos dias nessa cidade
Venham, venham, respeitável público
O show tem que continuar
A lona está apagada, mas o circo ta armado
Qual será a próxima ilusão?!
Entrarias na jaula deste leão?
Ousarias rir do seu nariz de pintado?
Quando irá começar aquele novo quadro???
Silêncio impera enquanto facas cortam o vento
Ela parece estar inteira, de longe ninguém vê
Cicatrizes e arranhões, um atirador vendado...
Saltimbancos e engolidores de fogo
Globo da morte está montado
Acelerando em círculos e barulho
Suspense, o rufar dos tambores
O acrobata vai saltar, vai voar
O grande público fecha os olhos
Temem vê-lo cair
Mas talvez a rede cumpra seu ofício
A mão do acrobata se estenderá para o alívio
Salvando-o baque que ninguém quer ouvir
E do silêncio dessa longa queda

















...e o show tem que continuar...



















 





VÁLIDO LEMBRAR!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A HOLE

Uma abertura
Uma diferença pequena em um passo entre dois tons musicais
Uma forma, dois ângulos, tão obtuso quanto sutil, dois significados completamente diferentes

O que penso, o que digo, o que acontece, o que me reservam, o que muda, o que...o que?








mecanismo que está sempre ao lado, de um lado, pro outro errado





 e





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 cega por todos os lados, desesperada por todos os cegos, cegando o que a luz não deixa ver










...e é a isso que tudo se resume...poço transbordando umidade, escorrendo ecos
Um buraco, um nada que ocupa tanto espaço, que pode explodir...












Não é nada.

que eu queira
que eu possa
que eu diga