quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Delírio?!

Mostre-me o paraíso, bonito e deserto.
Cante como os anjos que ainda estão desaparecidos.
Sonhe como um imortal e viva como se seus dias tivessem contados.
Postergar abrir o dia de hoje pode manter sua casa de brinquedo de pé.
Talvez dê certo, pois lá fora crateras se abrem sob os pés. Cidades inundam, outras caem.
Escravos ainda seguem o velho fluxo "natural"(?) onde se é, o que/onde nasce.
O pop alimenta a miséria. A miséria preenche o oco pop.
...e o paraíso permanece vazio ou desconhecido.
A beleza tem um novo conceito. Não são mais águas claras de um balneário, aos olhos de quem ousou virar 180°.
São destroços, poeira, sangue e suor na pele de quem mudou o curso.
É a sopa em troca do aperto sujo e desconfiado. Às vezes grato.
É em meio à seca, brotar água salgada pra lavar rostos desamparados.
É o coração se abrindo à braços desconhecidos e frágeis.
É cada gesto que se antecipa às palavras de conforto dissimulado.
Bela como uma dança ou um jogo. Alguém perde, algo sobressai.
É nessa onda envolvente que o início fica esquecido.
Maldita sede de novidade que faz com que fatos e dores de ontem se tornem obsoletas.
Bonito seria se fosse assim. Gostaria...mas pensando bem...
Não me mostre o paraíso, não suporto oásis em desertos. Normalmente são apenas miragens e delírios.

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