sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Chá sem chapeleiros para o bem de todos

Dia calmo, quase apático e cheio de ensaiados sorrisos e bons dias, após finalmente levantar e me livrar dos lençóis que, de forma obsessiva, não permitem que corpos saiam de seus braços macios e reconfortantes, nesse universo particular onde tudo posso.
Agora, no momento reservado para manter a matéria de pé, entre a seção de macarrão integral e chás indianos, chineses e tailandeses.(Afinal quantos tipos de chás verdes existem?!)
É extremamente interessante ver a variedade de alimentos em uma loja/restaurante de produtos naturais. Vide a pipoca zero nos sabores: tomate & manjericão e alho & orégano; Crema de riso (Creme de arroz `=o), bife vegetal em conserva e alternativas –todas muito caras– pra quem escolheu uma vida de desapego à carne (Só pra deixar claro, como alimento), assim como eu por um tempo num passado remoto. Agora como turista, só pra relembrar a leveza desses dias e me dar conta do quanto as mudanças ocorrem de um dia pro outro. Inconstante, não tenho mais nenhum controle sobre o que sinto ou sentirei no futuro, que parece tão nevoento quanto o horizonte hoje.
Voltando fisicamente onde estava antes...epa, embalado como promessas de algo novo, um chá diferente!
“Mais que um chá, o que você tem em mãos são séculos de história, pois este é o mesmo produto que em 1600, os ingleses foram buscar no oriente. Kashaya Tea é um chá genuinamente indiano, puro, selecionado, vindo direto das montanhas Nigliri. Matéria-prima única e refinada ainda mais pelo sachê piramidal e sua maior área de contato com água quente, o que se traduz em qualidade que você percebe no aroma, na cor e no sabor desta infusão especial.Então faça dessa degustação um ritual (nossa!!), beba devagar e de paladar atento...” Por aí vai, cheio de palavras rebuscadas numa caixa em forma de pirâmide, muito bonita por sinal.Conduzida/seduzida pela publicidade exagerada, consumista, olho o preço SÓ POR CURIOSIDADE (até parece...ha-há) R$21,40!!Ora...nem que eu tivesse acabado de ingerir vários desses, de trombeta, ousaria pagar isso por uns sachês provenientes das tais montanhas azuis da Índia!!
Ok, voltando à soja esfriando em meu prato, com arroz integral e outros grãos estranhamente gostosos que provavelmente fazem algum bem à saúde, mas só são ingeridos por mim umas 10 vezes ao ano, me cansei do cheiro de incenso (que normalmente eu adoro) e “cansei de ser hippie” PIADA INTERNA.
Quanto tempo passou desde que eu comecei a viajar em chás, não com chás, afinal tenho que voltar da minha hora de reflexão silenciosa sobre “esta é minha vida” e preciso correr de encontro à rotina, à minha vida dupla, diria até múltipla, para que depois possa descobrir para onde estou soprando agora.
Espero que pelo menos por hoje, as tempestades implodam em mim e eu não a leve a lugares ou a alguém.
Sem chapeleiros por hora, pretendo tomar um chá solitário. Talvez seja possível, apesar de ser improvável.

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