quinta-feira, 13 de maio de 2010

Incoerente mudança

Oratio vultus animi est          x          Res, non verba
Evito as expectativas para sempre me dar a oportunidade de ficar surpresa, mas também não nego que tenha um inconsciente objetivo de driblar o logro inerente de minhas consequências.
Que seja parda essa semana, pra que o escuro não me dê a agonia de estar cega e que a luz intensa não me imponham vertigem e dor de cabeça.
Que seja ao som de Bach, para não ter que lidar com ensurdecedoras batidas de baquetas, nem com o silêncio inquietando minhas pernas.
E assim, que no dia ou na noite, se faça o sereno, me transformando num corpo pleno, nem menos nem demais, completo e inteiro sem nenhuma parte deixada para trás.
Faça do desejo gelado, suor derramado, transbordado escorrendo até a superfície lisa, que entre os dedos será enxugado.
Nem menta ou pimenta, só o gosto vazio, refrescante e ardido da origem de teus verbos não palavreados e suas histórias não proseadas que se libertam em textos não lidos.
NÃO LI, NÃO RESISTI, RELI E RELI...
Escritos reescritos, subscritos e descritos como se tivessem sido proferidos por mim, encaixando perfeitamente como se fosse mera extensão de minha mente.
Invasão de privacidade, altera minha identidade, transformando-me num pedaço de conto dissertado, artigo rebuscado, que eu não deveria ter lido, fazendo dos falsos encontros, mero acaso, da alma vazia, que é âmago de todas as angústias e sustento de sua poesia.
Por isso hoje quero passar bege, fora de minha natureza, imersa em minha essência mais amena.
SUBENTENDIDO
Mero pergaminho, deixo de lado todo nanquim ávido pra manchar futuros alvos, cuidando pra não derrubar o que restou no tinteiro.
SE ALGO RESTOU...
Desenrolada de forma efêmera, supostamente estirada, pronta pra ser descrita em garranchos apressados, cursivos e itálicos, delineada entre traços agudos e curvilíneos, ainda que de forma ultrapassada, num saboroso devaneio, outro jeito ardil de fabricar uma nova idealidade. Mesmo que breve, pedi um intervalo, voltando no compasso.
Posso viver nas palavras, na minha verdade ??????
Mas minha verdade muda mais que minhas palavras!!!!
Será um círculo perfeito e interminável a repetição dos atos ??????

Assim me transformo no escrito e logo lido me transforma
Não há outra forma de seguir a não ser sempre alterando-me de todas as formas

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