quinta-feira, 27 de maio de 2010

desCONSTRUINDO o filme DEGUSTAndo a poesia


"Viajo porque preciso, volto porque te amo"
Deve ser porque a poesia é para todos. Se esvai de qualquer um, em qualquer situação. Mas a poesia é para poucos, a superfície é dura e as imagens desfocadas, não penetra qualquer um, nem é facilmente permeável, podendo assim dar em qualquer lugar.
Contraditóriamente belo, estranho aos olhos as lembranças de um coração. Lugar incomum em meio à aleatoriedade que acalma, alivia, distrai do olhar pra dentro, da incapacidade de encarar câmera, "que agonia" "Viajo porque preciso, não volto porque te amo".
Ciclos de estradas que mais parecem círculos de análises e aforismos "sempre iguais" alternando somente nas emoções que vagam entre a vontade de voltar e não ter caminho pra conseguir. Silêncio ensurdecedor, vazio que oprime. Que lugar melhor há para se esconder do que na multidão??
O ridículo distrai, mas de tão ridículo, atrai uma atenção desesperada de quem não tem pra onde se voltar. O bizarro que faz rir, alimenta e sacia a vontade de "uma vida de lazer" insustentável, mesmo que por pouco tempo.
Pé na estrada e uma câmera que muitos se enganam ao pensar que está em primeira pessoa. Quem filma não são os olhos, mas o pensamento que vai longe, o alter ego com quem ele dialoga em suas reflexões, quando o ridículo passa de fora para dentro e deixa de ser cômico para ser trágico. Quando isso acontece, quando ele cansa, tudo vira bobagem e as flores de plástico com gotas de orvalho artificial, representam o quanto é falso o que remói, a negação. Assim sendo falso, não existe. Ninguém precisa lidar ou encarar o que não é real, as flores são distração, escape.  
Vôa na insignificância da pipoca que estoura, do artesanato que relaxa, no sorriso tímido banguela, no mar que não existe.
É tudo repetição da mesma fuga comum, de evitar a dor até chegar no litoral, até que chegue o "final" e se perceba que já não pesa tanto o motivo inicial de sua viagem assim encerrando um percurso e iniciando uma jornada para encontrar uma nova rotina pra conviver consigo mesmo.
Por isso poesia é tudo e qualquer coisa, mesmo que seja nada, pois é a construção do desconjuntado, desconstruído, descontinuado e todos os DES...
Estranho às margens, intrínseco, profundamente tocante. Pensando assim tudo que toca, mesmo que oposto, pode virar algo belo pra quem está disposto a mergulhar em águas profundas.

O filme? Pra mim é pura poesia...










Um comentário:

Monike Mar disse...

que belo. que belo.