segunda-feira, 5 de abril de 2010

Inacabada

Deus lhe pague...grita Elis
Tão intensa quanto a música
A arte imita vida e movimento
Ficando muito fácil julgar assim
Quando não se sabe como e quanto sinto
devastar o litoral paradisíaco
Com essas chuvas de verão.
É cada vez mais difícil
levantar após cada escorregão
mas faça como quiser
já comecei a frear nas curvas
Evitando derrapar ou atropelar.
Então viva o sangue na calçada
ou a lama seca na calça jeans rasgada
Dissecando borogodós inexistentes
no desejo de quem não sabe demonstrar
o que só se vê idealizado na própria mente.
Me frustro por só poder tocar assim
não o que quero, não longe de palavras
antes fosse o dissertar todo penar
mas tem sempre mais que este EXAGERADO pesar
sendo os óbices como molas
que impulsionam cada vez mais alto
galgando sonhos pré-fabricados
com embaraços próprios e alheios.
Chaves que desencaixam e se perdem
Quedas sentadas e veladas por pena e risos
Grama banhada por sereno e euforia.
A febre toma conta quando os delírios invadem
então corro rápido, de olhos fechados
me jogo como bomba na piscina gelada da noite
tudo isso pra não precisar ir embora
pra não voltar seca e segura.
Mesmo com o rubor retorcendo minha face e ventre
não me permito deixar a esteira
não dou a vez nessa caminhada só
pois não vou a lugar algum
e não vejo qual o mal
quando todo local
onde quero ir
está aprisionado dentro de mim.
Persisto caçando borboletas para encarcerar no estômago.
Ainda aposto com minhas fichas nestes jogos infindáveis.
Pois todas as noites de insônia
ainda valem a pena quando dormidas e sonhadas.
Todos os dias reaproveitados
Trazem reflexões de outras vidas
E mesmo quando volto pro quarto cheio
esvaziando meus bolsos e bolsas
me deixando cair de exaustão
Procuro repassar e relatar mentalmente
Transformando cada idiossincrasia
Sentindo e deixando o ausente cada vez mais evidente
Com pinceladas de desinteresse
no que insisto ser uma grande obra
Ignorando a crítica
O que pode parecer pretensão
Sem que haja qualquer intenção.
Então como tudo que gero
vejo maneiras de mostrar
o que não sei explicar
por isso deixo tudo solto
porque não posso sustentar
liberto o que mais quero
para ser leve, ficar limpa
mesmo que quase sempre
sem finalização

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